Piscina de ondas em SP

Ação, reação e licitação

Turco Loco aquece o debate sobre a piscina de ondas na capital paulista e explica caminhos que considera viáveis para tirar o projeto do papel.

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Capaz de gerar quase mil ondas por hora, a Surf Lakes australiana é uma das tecnologias estudadas por Turco Loco e poderia mudar completamente a cena do surfe na cidade de São Paulo.

Depois de muita marola no Fórum, em que dezenas de internautas criticaram o projeto da construção de uma piscina de ondas na cidade de São Paulo, idealizada pelo candidato a vereador Alberto Hiar, mais conhecido como Turco Loco, o Waves traz uma nova entrevista com o autor do projeto.

A par de qualquer polêmica, Hiar esclarece alguns pontos de sua entrevista anterior no sentido de como a parceria público-privada pode erguer um equipamento sem igual na maior cidade do país, capaz de gerar ondulações para atender surfistas de todos os níveis, do iniciante ao profissional.

Segundo o candidato, a proposta tem como objetivo oferecer uma piscina artificial a ser explorada pela iniciativa privada a partir de um comodato oferecido pela prefeitura.

“A ideia é ceder o terreno para uma empresa que vai ganhar uma licitação, em que ela se compromete a apresentar o melhor projeto arquitetônico e as condições de uso e de viabilidade social, bem como a contrapartida oferecida em termos sociais para que a camada mais pobre da sociedade também tenha o a este lugar”, explica Hiar.

Confira a seguir, os detalhes desta nova entrevista exclusiva de Turco Loco concedida ao Waves.

Alberto Hiar, o Turco Loco.

Recentemente, em uma entrevista concedida por você aqui no site Waves veio à tona o assunto de uma possível piscina de ondas na cidade de São Paulo. O debate sobre o tema pegou fogo entre a comunidade do surfe. Inclusive muitos disseram que o Waves está fazendo propaganda política, com promessas impossíveis de serem concretizadas na prática, e outros até que esta ideia não a de utopia. Qual a sua visão sobre isso?

Às vezes, as pessoas mais críticas não ajudam e não colaboram para que as coisas dêem certo. Dá pra fazer uma piscina com ondas, sim. Porque é uma parceria público-privada, em que a prefeitura cede um terreno que ela não está usando, não está doando. Ela está fazendo esta concessão por meio de um comodato e a iniciativa privada a a explorar essa área por um tempo determinado, ou seja, essa área continua sendo da prefeitura. Vejo como o Jockey Club, em que você tem aquela área para o turfe. E por que você não pode ter uma área para o surfe? Acho que a gente tem condição, sim. E o surfe vai gerar muito turismo. E a gente vai valorizar toda a área ao redor. Tenho certeza de que o setor imobiliário vai ficar super aquecido nesta região. Muita gente vai querer vir a São Paulo para surfar. Tenho certeza de que dá para fazer, não é uma ideia tão maluca.

Para quem não sabe, o que é uma PPP? E por que você acredita que poderia funcionar bem neste caso? Quais quais são as contrapartidas e viabilidades?

As parcerias público-privadas, as PPPs, são o que há de mais contemporâneo nos dias de hoje. Você olha as estradas, com os pedágios, são PPPs. É uma concessão dada para a empresa explorar e cuidar das rodovias melhor do que o governo é capaz. Mas, as estradas são do governo. Evidentemente, só quem usa paga o pedágio. No caso da piscina, você está cedendo o terreno para uma empresa que vai ganhar uma licitação, em que ela se compromete a apresentar o melhor projeto arquitetônico e as condições de uso e de viabilidade social, bem como a contrapartida oferecida em termos sociais para que a camada mais pobre da sociedade também tenha o para este lugar. E a iniciativa privada sabe o quanto isso pode gerar de retorno. Hoje, os fundos de investimento são muito bem preparados para lidar com isso e já tem bastante experiências de piscinas pelo mundo, bem como várias experiências de PPPs no Brasil. Eu não vejo mistério algum nisso. É uma novidade para o mundo do surfe, mas é não uma novidade para o setor público.

Na mesma linha da democratização das pistas de skate, Turco Loco sonha em democratizar as ondas artificiais, como esta da Surf Lakes, na Austrália.

São Paulo é uma das cidades com maior número de surfistas no mundo. Por que uma piscina como essas seria tão importante para a cidade?

Além de São Paulo ser uma cidade que abriga um grande número de surfistas, você também tem o interior de São Paulo, que é muito rico, e que poderia sim utilizar a piscina pública com ondas e que isso traria para a cidade novos impostos, mais turistas, mais empregos e seria talvez um grande empreendimento com shopping, rede hoteleira e diversas outras coisas, como um grande parque a ser explorado. Acho que é isso que a cidade precisa, uma cidade tão grandiosa como São Paulo, que tem o seu autódromo, jóquei, e outras áreas que são cedidas pela prefeitura para que a iniciativa privada ou a iniciativa pública ou as entidades as utilizem. E o surf brasileiro hoje, com a sua magnitude e a importância que a modalidade tem, também pode fazer e utilizar esta parceria que vai beneficiar a cidade.

Acho que algumas perguntas que todo surfista se faz quando lê uma entrevista como essas são: “Quem vai poder surfar nessas piscinas? Pra quem elas estão sendo construídas? Eu vou poder aproveitar também? Vou ter que pagar pra surfar? É o dinheiro público que vai financiar este projeto">O benefício fiscal vai depender da contrapartida que o investidor que ganhar a concessão nos der. Quanto mais benefícios fiscais, mais benefícios ela vai ter que dar à sociedade. Isso tudo não será discutido só por mim. Será discutido pela prefeitura e até, quem sabe, pela Câmara Municipal. Acho que este vai ser um desejo de todos os vereadores ao saber que será feito algo importante para a cidade de São Paulo. Essa questão da parte tributária tem que ser discutida. Afinal, não se pode dar isenção fiscal sem verificar a contrapartida.